Passar para o conteúdo principal
Cláudia Guerreiro
Submetido por claudia_guerreiro a 30 June 2025

Estudante da ESTeSL participa na Feira de Ciência de Toulouse | À conversa com Érica Reis

Érica Reis é estudante da Licenciatura em Ciências Biomédicas Laboratoriais (CBL) e participou na Feira de Ciência de Toulouse, com um projeto focado na entomologia forense, área ainda pouco explorada em Portugal.
A oportunidade de participar neste evento internacional surgiu após a distinção no Concurso de Jovens Cientistas, no Porto. Esta conquista é fruto de um trabalho iniciado no ensino secundário que culminou com a apresentação em Toulouse do projeto, o que proporcionou a troca de conhecimentos com outros participantes, a descoberta de novas culturas e a exploração da cidade. Para a estudante, o momento mais marcante, foi a perceção de como "o gosto pela ciência ultrapassa as barreiras linguísticas", destacando a criatividade e motivação dos jovens cientistas.

O projeto apresentado, intitulado "Influência da exposição solar na diversidade e abundância de dípteros sarcosaprófagos em Odemira", mergulhou na área da entomologia forense, um campo de estudo com pouco reconhecimento e escassa investigação em Portugal. "Decidimos realizar o projeto nesta área pois tal não tem grande reconhecimento em Portugal e poucos estudos foram feitos, assim ainda teríamos muito por onde explorar e incentivar a maior pesquisa", explica a jovem investigadora.
O estudo centrou-se na análise de como a exposição solar afeta a presença de dípteros sarcosaprófagos – moscas que colonizam cadáveres – em Odemira. Recorrendo a armadilhas com carne de porco, simulando condições reais de decomposição em zonas de sol e sombra, os resultados foram elucidativos: as armadilhas expostas ao sol atraíram um maior número de dípteros, enquanto as áreas sombrias apresentaram uma maior diversidade de espécies. Um dos achados mais relevantes foi a identificação de espécies nunca antes registadas em estudos semelhantes realizados em Lisboa, sublinhando a relevância e o ineditismo da investigação.

A participação na feira de ciência foi um catalisador para o desenvolvimento pessoal e académico da estudante. A necessidade de adaptar a comunicação do projeto a diferentes públicos, desde crianças a júris especializados, aprimorou significativamente a sua capacidade de comunicação. "Tive de desenvolver a capacidade de adaptar cada apresentação ao tipo de público e assim sintetizar informação mais complexa", refere. A elaboração do projeto em si, com o rigor que lhe é exigido, será uma mais-valia para futuros trabalhos académicos. A nível pessoal, a experiência permitiu superar desafios, como o de falar em público, tanto em português como em inglês.

Para a Estudante, os conhecimentos adquiridos serão, sem dúvida, aplicados no curso de Ciências Biomédicas Laboratoriais, especialmente nas unidades curriculares de Tanatologia e Ciências Forenses Aplicadas. Além disso, o projeto contribuiu para o desenvolvimento de técnicas cruciais como observação e análise microscópica, elaboração de protocolos experimentais e interpretação crítica, competências essenciais para a área laboratorial.

 

Questionada sobre que conselhos daria a outros estudantes da ESTeSL que considerem participar em eventos científicos, a estudante é perentória: "Aconselho a participação não só em eventos internacionais, mas como nacionais, pois acho que é uma experiência única para o desenvolvimento de várias competências e descoberta de novos interesses."

A ESTeSL orgulha-se do sucesso dos seus estudantes e reitera o seu compromisso em fomentar a investigação e proporcionar oportunidades que impulsionem o desenvolvimento académico e pessoal dos futuros profissionais da saúde.